25/04/2011
O policial e sua histria em 20 anos de profisso
Ser policial vocao, porm preciso ter no sangue o ideal da profisso que nem sempre bem remunerada. Os riscos so eminentes, a estrutura de trabalho relegada a segundo plano. Em Costa Rica essa realidade vivida pelos policiais no dia-a-dia, mas no ado ela era ainda mais latente, tendo em vista a distncia da capital e por ser ainda uma cidade interiorana onde as coisas eram muito mais difceis. Valdir Marcondes Gomes, 47 anos, escrivo de Polcia Civil est h 20 anos na delegacia de Costa Rica, j viveu momentos de alegrias e tristezas, porm se sente recompensado por fazer o que gosta e poder servir a comunidade. 162d65 O policial convive no dia-a-dia com uma mesa repleta de inquritos, estatsticas e a responsabilidade de ser o brao direito do delegado Cleverson Alves dos Santos. Valdir formado em dois cursos superiores, Pedagogia Plena e Direto, argumenta que ainda hoje depois de 20 anos de profisso tem o mesmo entusiasmo de quando entrou para a polcia. Nesse tempo sete delegados e uma delegada trabalharam em Costa Rica. Valdir natural de Votuporanga/SP, conhecido na cidade, mas reservado, procura atender bem aqueles que procuram a unidade policial e detesta deixar as pessoas plantadas na sala de espera. Ele se aposenta daqui a trs anos, mesmo com uma folha de trabalhos prestados a comunidade, ainda no foi reconhecido como cidado de Costa Rica. No me preocupo, eu estou fazendo minha parte, meu trabalho. Fiquei 15 anos esperando a promoo para 1 classe, nunca pedi nada para ningum. Ele foi condecorado com uma medalha de honra ao mrito pelo Governo do Estado. Na falta do delegado Valdir atendia as ocorrncias, lavrava os flagrantes, ouvia os envolvidos e leva todo o procedimento para conhecimento e despachos do delegado que estava respondendo por Costa Rica. Durante seis meses, a cidade ficou sem delegado, isso aconteceu por diversos perodos conforme contou ao Hora da Notcia, mas ele continuou trabalhando como escrivo: tenho iniciativa nunca esperei ser mandado. Quando o policial chegou Costa Rica o municpio contava com sete mil habitantes, os homicdios ou tentativas de homicdios ocorriam quase todas as semanas. Ele recorda que no havia furtos nem roubos, drogas era muito raro, mas as coisas eram resolvidas no linguajar dos brutos, na bala ou na faca. O pai era comerciante, atuava no ramo de confeces, ele abriu uma loja na cidade de Paranaba e trabalhou por quatro anos. Um dia um amigo o convidou para se inscrever no concurso da polcia, ele foi aprovado e o amigo reprovado. Para ele a polcia hoje est muito presa ao princpio istrativo: h uma cobrana muito grande. Segundo ele, no ado era mais fcil trabalhar, a polcia tinha poder de polcia, resolvia muitos casos na conversa,hoje tem que materializar tudo e informar tudo. De acordo com ele, o poder de policia naquela poca era grande: a polcia em Costa Rica era respeitada pela forma de trabalhar". Ele conta que em Costa Rica tinha os lugares considerados problema: o Bar do Cai Cai, do Joo Folia e o Bar do Isidoro eram os lugares onde tinham os maiores problemas, ali paravam os pees vindos das fazendas e sempre tinha ocorrncias. A polcia no tinha condies de trabalho, eram bsicas, uma veraneio antiga com cambio em cima, a porta traseira era podre, segurada com cadeado e corrente. Agente tinha muitas dificuldades, mas muita vontade de trabalhar, ressalta Valdir. Nesses 20 anos ele presenciou muitos casos considerados brbaros. O assassinato que ficou conhecido como Da Dona Arcidia, ocorrido em 1995 marcou na carreira. Ela tinha uma filha com problemas mentais, um dia foi a Igreja e deixou a menina em casa quando voltou sua filha havia sido violentada e morta por um homem que fez o mesmo com a me. Um crime sem precedentes. A cena do crime era horrvel, muito forte, recorda Valdir. O autor do duplo homicdio foi detido no municpio de Chapado do Sul tempos depois, ele estava bbado falou que era bravo e que tinha matado duas pessoas em Costa Rica. A foi preso. Outro crime que chocou os moradores foi o da professora Mara Biorque O marido ameaou de mat-la, ele dormiu na delegacia e foi liberado no dia seguinte, posteriormente cometeu o crime na casa dela. ele deu muitas facadas nela, esse crime chocou no s eu mais a cidade toda, disse Valdir. O policial tem muitas histrias, contou que uma vez foi a uma Fazenda distante do Distrito de Paraso das guas atender uma ocorrncia de homicdio, o crime aconteceu no dia de natal. Levamos muitas horas para chegar ao local. A estrada era de terra, muito ruim. De acordo com ele, levou a velha mquina de escrever e l mesmo ouviu as pessoas envolvidas e levou o corpo vtima para a cidade. A parceria com a Polcia Militar foi fundamental, ele se lembra que o comande Da Silva, na poca, dava muito apoio: era parceiro. Casos de afogamento no rio Sucuri, o prprio D Silva pulava no rio e tirava o corpo, outras vezes as pessoas da cidade mesmo faziam esse servio. Ele se recorda que teve que levar um corpo no lombo de um cavalo para retirar das margens do rio. O D Silva abria a picada no mato prximo ao rio juntamente com os policiais para o cavalo ar. Valdir conta um episdio que segundo ele chegou a se assustar: eu estava na Festa do Peo, uma pessoa me perguntou se eu me lembrava dele, disse que havia ficado preso, eu disse que lembrava, ai ele me disse: Voc me deu conselhos e disse para eu mudar e virar homem, ento, virei homem, estou trabalhando, se no fosse seus conselhos eu tinha virado vagabundo. De acordo com ele isso traz satisfao em poder ter contribudo para ajudar positivamente as pessoas. Ele acredita no poder da educao para mudar o comportamento das pessoas: a educao transforma as pessoas, primeiro a famlia e depois a escola. Assim como acredita que a conscientizao contra as drogas o caminho para diminuir o consumo: muito importante principalmente para as crianas, a luta longa e vai dar resultado em longo prazo. O conselho do Valdir para quem almeja a carreia policial gostar da profisso: precisa gostar do que faz, eu entrei por acaso, todo trabalho que a pessoa faz com vontade, com amor o resultado vem naturalmente. O policial agradeceu aos colegas com quem trabalhou e trabalha, assim como as instituies pblicas. Hora da Notcia |